Por Paulo Stekel
A pesquisa escocesa
Acaba de ser publicada uma matéria da BBC sobre a realidade quântica e a pesquisa que afirma que, no nível quântico, não há fatos subjetivos.
Intitulada "Existe a realidade? O experimento que indica que, no nível quântico, não há fatos objetivos", a matéria assinada por Carlos Serrano (BBC News Mundo), apresenta a pesquisa realizada na Escócia pela equipe do físico Alessandro Fedrizzi.
Conforme a matéria: "A teoria quântica afirma que o observador de um fato influencia em como esse fato é percebido. É como dizer que uma mesma bola de tênis para uma pessoa pode representar uma esfera, mas para outra, um cubo.
Para provar isso, físicos da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, criaram uma experimento que envolveu quatro observadores: Alice, Amy, Bob e Brian. Esses personagens não são pessoas. Eles são, na verdade, quatro máquinas sofisticadas em um laboratório.
No teste realizado com eles, Alice e Bob recebiam uma mensagem, que nesse caso era um fóton, ou seja, uma partícula quântica da qual a luz é composta. Depois, Alice e Bob enviavam esse fóton a Amy e Brian, ou seja, transmitiam a mensagem a eles.
Eis o que surpreendeu os pesquisadores: apesar de Alice e Bob terem enviado a mesma informação a Amy e Brian, os dois últimos a interpretaram de maneira diferente. O processo é bastante complexo, mas poderia ser exemplificado como um telefone quebrado em que uma mesma mensagem se transforma à medida que passa de uma pessoa para outra.
Este resultado está relacionado a um conceito de mecânica quântica que diz que as partículas podem se entrelaçar e mudar dependendo de quem as observa."
A matéria contém uma entrevista com o físico Alessandro Fedrizzi que pode ser acessada diretamente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-47529442.
A realidade entrelaçada
O que pesquisas como esta representam para a visão não-dualista da realidade? Dizer que a realidade depende de quem a vê é compatível com a teoria da mente do não-dualismo. Também encontra respaldo nas neurociências que dizem que o que nossos sentidos captam do mundo é interpretado por nosso cérebro e misturado com percepções anteriores através da memória e depois viram a narrativa final da realidade que imaginamos ser verdadeira (o cientista português António Damásio tem este pensamento).
Se o observador influencia em como um fenômeno é percebido, na verdade, o que ele vê é uma "criação" de sua mente, e não a realidade absoluta em si. É o que dizem os ensinamentos do Budismo Mahayana: quem criou tudo o que vemos como a realidade foi a mente.
A grande verdade é que cada mente observa o mundo e o interpreta à sua maneira. Sendo assim, existem tantas interpretações da realidade quantas mentes interpretando, de modo que podemos dizer que há uma coexistência de realidades e um entrelaçamento quântico destas mentes através de suas interpretações. No final, o mundo com o qual interagimos é uma mescla da nossa interpretação, a forma como a realidade é, e a reação dos outros a partir de suas próprias interpretações ao mundo como ele se lhes apresenta. esta mescla entre a realidade tal como é e a realidade multi-interpretada é o que podemos chamar de "a realidade entrelaçada", samsara, na visão budista.
Acima do entrelaçamento, ou além dele, seria possível perceber a realidade tal como ela é? Sim. O budismo chama essa realidade de "tathata" (talidade ou "tal-como-é"), que se diz ser da mesma natureza do Nirvana e da Iluminação. Contudo, nos é difícil imaginar, sem sermos iluminados, como é esta realidade nua e crua sem as interpretações da mente.
A pesquisa escocesa
Acaba de ser publicada uma matéria da BBC sobre a realidade quântica e a pesquisa que afirma que, no nível quântico, não há fatos subjetivos.
Intitulada "Existe a realidade? O experimento que indica que, no nível quântico, não há fatos objetivos", a matéria assinada por Carlos Serrano (BBC News Mundo), apresenta a pesquisa realizada na Escócia pela equipe do físico Alessandro Fedrizzi.
Conforme a matéria: "A teoria quântica afirma que o observador de um fato influencia em como esse fato é percebido. É como dizer que uma mesma bola de tênis para uma pessoa pode representar uma esfera, mas para outra, um cubo.
Para provar isso, físicos da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, criaram uma experimento que envolveu quatro observadores: Alice, Amy, Bob e Brian. Esses personagens não são pessoas. Eles são, na verdade, quatro máquinas sofisticadas em um laboratório.
No teste realizado com eles, Alice e Bob recebiam uma mensagem, que nesse caso era um fóton, ou seja, uma partícula quântica da qual a luz é composta. Depois, Alice e Bob enviavam esse fóton a Amy e Brian, ou seja, transmitiam a mensagem a eles.
Eis o que surpreendeu os pesquisadores: apesar de Alice e Bob terem enviado a mesma informação a Amy e Brian, os dois últimos a interpretaram de maneira diferente. O processo é bastante complexo, mas poderia ser exemplificado como um telefone quebrado em que uma mesma mensagem se transforma à medida que passa de uma pessoa para outra.
Este resultado está relacionado a um conceito de mecânica quântica que diz que as partículas podem se entrelaçar e mudar dependendo de quem as observa."
A matéria contém uma entrevista com o físico Alessandro Fedrizzi que pode ser acessada diretamente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-47529442.
A realidade entrelaçada
O que pesquisas como esta representam para a visão não-dualista da realidade? Dizer que a realidade depende de quem a vê é compatível com a teoria da mente do não-dualismo. Também encontra respaldo nas neurociências que dizem que o que nossos sentidos captam do mundo é interpretado por nosso cérebro e misturado com percepções anteriores através da memória e depois viram a narrativa final da realidade que imaginamos ser verdadeira (o cientista português António Damásio tem este pensamento).
Se o observador influencia em como um fenômeno é percebido, na verdade, o que ele vê é uma "criação" de sua mente, e não a realidade absoluta em si. É o que dizem os ensinamentos do Budismo Mahayana: quem criou tudo o que vemos como a realidade foi a mente.
A grande verdade é que cada mente observa o mundo e o interpreta à sua maneira. Sendo assim, existem tantas interpretações da realidade quantas mentes interpretando, de modo que podemos dizer que há uma coexistência de realidades e um entrelaçamento quântico destas mentes através de suas interpretações. No final, o mundo com o qual interagimos é uma mescla da nossa interpretação, a forma como a realidade é, e a reação dos outros a partir de suas próprias interpretações ao mundo como ele se lhes apresenta. esta mescla entre a realidade tal como é e a realidade multi-interpretada é o que podemos chamar de "a realidade entrelaçada", samsara, na visão budista.
Acima do entrelaçamento, ou além dele, seria possível perceber a realidade tal como ela é? Sim. O budismo chama essa realidade de "tathata" (talidade ou "tal-como-é"), que se diz ser da mesma natureza do Nirvana e da Iluminação. Contudo, nos é difícil imaginar, sem sermos iluminados, como é esta realidade nua e crua sem as interpretações da mente.
O físico Alessandro Fedrizzi, de Brisbane (Austrália), chefe da pesquisa escocesa
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