terça-feira, 30 de junho de 2020

Contatados e Ufologia de 5º Grau

Por Paulo Stekel


https://youtu.be/sPGdRKgmpCw

Vlog 013 de "Ciência Espiritual", o vlog de Paulo Stekel postado em seu canal no Youtube (youtube.com/paulostekel) e no Watch do Facebook em sua página de fãs Stekel (facebook.com/canalpaulostekel). Confira!

Neste 13º vídeo, Stekel fala sobre "Contatados e Ufologia de 5º Grau", a Ufologia que estuda o envolvimento da Consciência na comunicação entre humanos e ufonautas. Desde que foi postado o vídeo sobre "Ufologia Interdimensional", Stekel recebeu muitos pedidos para retomar o tema no vlog Ciência Espiritual.

O objetivo do vlog Ciência Espiritual é disponibilizar sempre temas interessantes e de modo muito criterioso, sem fechar questões, sem pretender verdade final, e aberto ao contraditório.

Neste vídeo, além de falar sobre os cinco tipos de contatos, a diferença entre contatados e abduzidos, esta é a primeira vez em que Stekel relata alguns dos seus próprios contatos com o fenômeno UFO e as consciências que os comandam.

Link do site do Dr. Steven Greer, ufólogo, contatado e documentarista dos EUA, citado no vídeo:

https://siriusdisclosure.com/

Se você quiser adquirir o livro de Paulo Stekel intitulado "Projeto Aurora - retorno a linguagem da consciência", também citado no vídeo, basta entrar em contato pelo email pstekel@gmail.com

O vídeo é todo centrado nos aspectos de consciência do fenômeno UFO e nas implicações que o contato tem para as testemunhas. Também apresenta os protocolos para grupos de contato e contato programado que existem pelo mundo todo.

Quem ainda não se inscreveu no canal de Paulo Stekel no Youtube, aproveite para fazer agora e ser avisado sempre que um novo vídeo sair.

Confira os outros vlogs já lançados na playlist "Ciência Espiritual" no youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=J5BgUbh5n2M&list=PLoPXQZkAtpodqe3orwnyx0PxUW9uSOOG3

(Temas já tratados: Verdade, Sombra, Ufologia, Mente, Consciência, Medo, Reencarnação, Cosmovisão, Realidade, Fenômeno PSI, Meditação, Felicidade, Carma)

Vlog Ciência Espiritual é uma playlist do canal de Paulo Stekel no youtube e Facebook dedicada a Ciência, Espiritualidade, Religião, Filosofia, Arte, Cultura e Visão Sistêmica. Comentários sobre livros, artigos e filmes serão comuns neste novo vlog.

ENVIE suas perguntas, dúvidas, comentários e sugestões de tema para os próximos vídeos para o email pstekel@gmail.com

terça-feira, 23 de junho de 2020

Carma e Coemergência

Por Paulo Stekel


https://youtu.be/6ypCLSwn19A

Vlog 012 de "Ciência Espiritual", o vlog de Paulo Stekel postado em seu canal no Youtube (youtube.com/paulostekel) e no Watch do Facebook em sua página de fãs Stekel (facebook.com/canalpaulostekel). Confira!

Neste décimo segundo vlog, Stekel fala sobre o que é Carma (forma aportuguesada do Sânscrito "karma"). Carma é uma crença, uma teoria, um modelo?

Ao longo do vídeo, Stekel apresenta os diversos entendimentos sobre carma nas religiões orientais (hinduísmo, jainismo e budismo) e ocidentais (espiritismo, teosofia, etc.).

Stekel apresenta na segunda parte do vídeo o conceito de "coemergência", a ideia de que tudo está conectado, interligado, e de que nenhum fenômeno ou coisa existe de modo independente, mas sempre em relação com causas anteriores.  Este é o conceito budista de Pratitya Samutpada, muito importante e que se assemelha ao que é proposto pela Visão Sistêmica.

Confira os outros vlogs já lançados na playlist "Ciência Espiritual" no youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=J5BgUbh5n2M&list=PLoPXQZkAtpodqe3orwnyx0PxUW9uSOOG3

(Temas já tratados: Verdade, Sombra, Ufologia, Mente, Consciência, Medo, Reencarnação, Metempsicose, Renascimento, Cosmovisão, Realidade, Fenômeno PSI, Poderes Ocultos, Meditação, Cérebro, Felicidade)

Vlog Ciência Espiritual é uma playlist do canal de Paulo Stekel no youtube e Facebook dedicada a Ciência, Espiritualidade, Religião, Filosofia, Arte, Cultura e Visão Sistêmica. Comentários sobre livros, artigos e filmes serão comuns neste novo vlog.

ENVIE suas perguntas, dúvidas, comentários e sugestões de tema para os próximos vídeos para o email pstekel@gmail.com

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Pensamento Sem Suporte

Por David Loy (Este artigo contém a segunda parte do Capítulo 4 do livro Nonduality, intitulado “Pensamento Não-dual”, que está sendo traduzido por Paulo Stekel. Para uma maior compreensão, sugerimos a leitura dos trechos anteriores desta mesma obra já postados aqui: https://stekelblogue.blogspot.com/search/label/David%20Loy)


Pensa, deve-se dizer. Tomamos consciência de certas representações que não dependem de nós; outros dependem de nós, ou pelo menos acreditamos; onde fica o limite? Se poderia dizer, pensa, assim como se diz, chove. Lichtenberg

Na tradição filosófica ocidental, o
eu como pensador foi considerado ainda menos duplicável do que o eu como percebedor ou agente, o que significa que a negação correspondente de um pensador é ainda mais radical do que a negação de um observador ou agente. A filosofia moderna começa com a postulação de Descartes sobre o assunto, que funciona autonomamente como seu próprio critério de verdade, e esse assunto se baseia no fato de que o ato de pensar exige um pensador, um "eu" para fazê-lo.

O que pensar? Acho aqui que o pensamento é um atributo que me pertence: só ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo, isso é certo. Mas com que frequência? Apenas quando eu penso; pois poderia ser o caso, se eu deixasse de pensar inteiramente, que também deixaria de existir... Eu sou, no entanto, uma coisa real e realmente existo; mas que coisa? Eu respondi: uma coisa que pensa.

Descartes argumenta que é contraditório duvidar da própria existência. “Pois é tão evidente por si mesmo que sou eu quem duvida, quem entende e quem deseja, que não há razão aqui para acrescentar algo para explicá-lo.” Mas, como prova, isso levanta a questão: supor que “
eu” duvido que minha própria existência seja ir além do que é dado empiricamente. O que é experimentado são pensamentos, alguns dos quais envolvem o conceito “eu”, mas a partir disso é ilegítimo inferir um pensador distinto do pensamento. Nenhum cogito pode ser derivado de cogitans.

Em reação, a concepção da mente de Hume nega a existência de qualquer eu identificável e enfatiza a "intencionalidade" de toda consciência, pelo que ele quer dizer que a consciência sempre tem um conteúdo:

Eu nunca me pego a qualquer momento sem uma percepção e nunca consigo observar nada além da percepção. Quando minhas percepções são removidas a qualquer momento, como pelo sono profundo, por tanto tempo sou insensível a mim mesmo e pode-se dizer que realmente não existo.

O fato doEu-consciência” ser intencional nesse sentido (não o mesmo senso de “intencionalidade”) é uma noção essencial à posição não-dualista, pois isso está implícito na afirmação não-dualista de que não existe um eu autônomo ("eu...") distinguível de sua experiência ("eu estou ciente de..."). John Levy elaborou esse conceito de intencionalidade no que talvez seja o argumento clássico contra a dualidade sujeito-objeto. A importância da seguinte passagem dificilmente pode ser sobre-enfatizada:

Quando estou consciente de um objeto, isto é, de uma noção ou percepção, esse objeto sozinho está presente. Quando estou consciente da minha percepção, o que por si só se apresenta à consciência é a noção de que percebo o objeto: e, portanto, a noção de eu ser o percebedor também constitui um objeto de consciência. A partir disso, surge um fato mais importante: o chamado sujeito que pensa, e seu objeto aparente, não tem relação imediata.

... a noção,
eu estou lendo, não ocorre enquanto estamos assim absorvidos [na leitura de um livro]: ocorre apenas quando nossa atenção oscila... uma pequena reflexão mostrará que, mesmo quando não somos absorvidos por um lapso de tempo apreciável, o sujeito que depois reivindica a ação não estava presente na consciência quando a ação estava ocorrendo. A ideia de sermos o agente nos ocorre como um pensamento separado, ou seja, que forma um objeto inteiramente novo de consciência. E como, no momento da ocorrência, estávamos presentes como nem o pensador, nem o agente, nem o percipiente nem o desfrutador, nenhuma reivindicação subsequente de nossa parte poderia alterar a posição...

Se as noções de sujeito e objeto são os dois objetos separados da consciência, nenhum dos termos tem significado real. Um objeto, na ausência de um sujeito, não pode ser o que normalmente é chamado de objeto; e o sujeito, na ausência de um objeto, não pode ser o que normalmente é chamado de sujeito. É na memória que as duas noções parecem se combinar para formar uma noção inteiramente nova: eu sou o percebedor ou o pensador.

A partir disso, Levy conclui mais tarde: Memória e consciência da existência individual são, portanto, sinônimos.”

Quando estou consciente de uma percepção, apenas a percepção está presente, e quando estou consciente de um pensamento, existe apenas esse pensamento: dessa premissa modesta e inegável, as consequências mais extraordinárias se seguem. Isso implica no que o mestre zen japonês Dogen alegou ter percebido, que “a mente não é senão montanhas, rios e a grande terra, o sol, a lua e as estrelas”. Originalmente, não há distinção entre "interno" (mental) e "externo" (físico), o que significa que árvores, rochas e nuvens, se não forem justapostas na memória ao conceito "eu", serão experimentadas como sendo tanto "minha mente" quanto pensamentos e sentimentos.

Levy desenvolve um ponto enfatizado
no Advaita, mas muitas vezes incompreendido: embora exista apenas o Eu, esse Eu não pode ser conhecido, pois conhecê-lo é transformá-lo em um objeto. O que geralmente é esquecido sobre esse ponto é que nosso senso usual de eu é o resultado de exatamente uma objetivação desse tipo. O sentido da dualidade sujeito-objeto surge não apenas de uma simples bifurcação entre agarrador e agarrado. O sujeito também deve ser "compreendido" em uma objetivação pela qual identifico minha consciência com o pensamento (incluindo memória), um corpo e suas posses - todos os quais são objetos sem a característica mais essencial do Eu, a consciência. Segundo Shankara, essa é a sobreposição primária, a ignorância fundamental que precisa ser superada.

A ênfase de Levy na memória como fonte da dualidade é consistente com a referência de
Shankara a ela em sua definição de adhyāsa: superposição é a apreensão de algo no presente como diferente do que realmente é, devido à interferência dos traços de memória. Existe um paralelo no Lankavatāra Sutra: “Quando o mundo triplo é examinado pelo Bodhisattva, ele percebe que sua existência é devida à memória [literalmente 'perfumaria'] que tem acumulada desde o passado sem começo, mas interpretada erroneamente.” A função usual da memória como superposição é interpretar a percepção para que seja vista como - nesse caso, como um objeto apresentado a um sujeito. O argumento de Levy é de suma importância para o não-dualista. Mas as implicações mais importantes do argumento de Levy são para o pensamento não-dual. Pois e se a memória não existisse para relacionar as noções distintas de percepção e sujeito? Ou (equivale à mesma coisa) se o traço da memória fosse experimentado como é: “um objeto de consciência inteiramente novo”, bem distinto dos outros pensamentos e percepções sobre os quais geralmente é sobreposto? Se a memória “erroneamente interpretada” é equivalente ao que Levy chama de existência individual porque é um caso de “pensamento que revê o pensamento”, então a experiência de cada pensamento como autônomo eliminará esse sentido da existência individual - em nossos termos, dissolveriam o senso de sujeito - dualidade de objeto.

Nietzsche chegou à conclusão de que cada pensamento é autônomo, desenvolvendo as implicações de suas observações sobre intenção e causalidade:

A “Causalidade” nos ilude; supor um nexo causal direto entre os pensamentos, como a lógica - é a consequência da observação mais grosseira e desajeitada.

O “Pensamento”, como os epistemologistas o concebem, simplesmente não ocorre: é uma ficção arbitrária, obtida ao selecionar um elemento do processo e eliminar todo o resto, um arranjo artificial para fins de inteligibilidade –

O “espírito”, algo que pensa:... essa concepção é uma segunda deriva
ção dessa falsa introspecção que acredita em "pensar": primeiro é imaginado um ato que simplesmente não ocorre, "pensar" e, em segundo lugar, um substrato-sujeito no qual todo ato de pensamento, e nada mais, tem sua origem: ou seja, tanto a ação como o agente são ficções.

Acreditamos que os pensamentos que se sucedem em nossas mentes mantêm algum tipo de relação causal: especialmente
a lógica, que na verdade só fala de instâncias que nunca ocorrem na realidade, se acostumou ao preconceito de que pensamentos causam pensamentos. . .

Em suma: tudo de que nos tornamos conscientes é um fenômeno terminal, um fim - e não causa nada; todo fenômeno sucessivo na consciência é completamente atômico.

Nietzsche relaciona a negação de um pensador com uma negação do processo de pensar. Por que, afinal, acreditamos que existe um ato de pensar? Porque esse ato é o que o pensador faz: unindo pensamentos, formando novos pensamentos com base nos pensamentos antigos. Se não existe tal pensador, não há tal ato. Isso deixa apenas pensamentos, um de cada vez, embora a sucessão possa ser rápida.

O significado das observações de Nietzsche para nós é que encontramos a mesma afirmação nas filosofias não-dualistas asiáticas, particularmente evidente
no Mahāyana. No Sutra da Plataforma, o sexto Patriarca Ch’an Hui Neng explica o que é prajña:

Conhecer nossa mente é obter libertação. Obter libertação é alcançar Samādhi de Prajña, que é “ausência de pensamento”. O que é “ausência de pensamento”? Ausência de pensamento” é ver e conhecer todos os Dharmas [coisas] com uma mente livre de apego. Quando em uso, penetra em todos os lugares e, no entanto, não fica em lugar nenhum... Quando nossa mente trabalha livremente, sem qualquer impedimento, e tem a liberdade de "chegar" ou "ir", alcançamos o Samādhi de Prajña, ou libertação. Tal estado é chamado de função da “ausência de pensamento”. Mas o abster-se de pensar em qualquer coisa, para que todos os pensamentos sejam suprimidos, é ser dominado pelo Dharma, e essa é uma visão errônea.

O termo
ausência de pensamento parece indicar uma mente livre de quaisquer pensamentos, mas Hui Neng nega isso. Em vez disso, a ausência de pensamento é a função de uma mente livre de qualquer apego. A implicação é que, para alguém liberto, os pensamentos ainda surgem, mas não há apego a eles quando se o faz. Por que o termo ausência de pensamento pode ser usado para caracterizar esse estado mental ficará claro em um momento. Mas a questão que surge primeiro é como alguém pode se apegar aos pensamentos se, como diz o Shikshasamuccaya, um pensamento não tem poder de permanência, se, como um raio, ele se interrompe em um momento e desaparece. Hui Neng responde a isso mais tarde, quando diz mais sobre "como pensar":

No exercício de nossa faculdade de pensar, deixe o passado morto. Se permitirmos que nossos pensamentos, passados, presentes e futuros, se unam em uma série, nos colocaremos sob restrição. Por outro lado, se nunca deixarmos que nossa mente se apegue a algo, obteremos libertação.

Nos apegamos a um pensamento ligando pensamentos em uma série, em vez de permitir que cada pensamento surja espontânea e independentemente. O efeito dessa ligação é que a natureza não dual de cada pensamento individual é obscurecida. Isso não é negar que os pensamentos também se mantêm em um relacionamento causal; de outro ponto de vista, é inegável que pensamentos anteriores condicionam de algum modo os pensamentos posteriores. Mas quando alguém "se esquece de si mesmo" e se torna um pensamento não-dual, não há mais qualquer consciência de que o pensamento é causado. Então surge espontaneamente, como se fosse “causado por si próprio”.

De acordo com a primeira parte autobiográfica do Sutra da Plataforma, Hui Neng
tornou-se profundamente iluminado e percebeu que todas as coisas no universo são de sua natureza própria quando seu professor leu para ele uma frase do Sutra do Diamante: “Deixe sua mente (ou pensamento) surgir sem se fixar em nada.” A passagem imediatamente anterior a esta - que Hui Neng também deve ter ouvido - coloca isso em contexto. Edward Conze traduz como segue:

Portanto, então, o Bodhisattva deve produzir um pensamento sem suporte, um pensamento que não é suportado em nenhum lugar, que não é suportado por formas, sons, cheiros, gostos, toques ou objetos da mente... E porque? O que é suportado não tem suporte.

Um pensamento é "não suportado" quando não é experimentado como decorrente da dependência de qualquer outra coisa. Não é experimentado como "causado" por outro pensamento (que é um "objeto mental") e, é claro, não é "produzido" por um pensador, já que o Bodhisattva percebe que "pensadores" (como os eus-egos em geral) não existem. Tal "pensamento não suportado", então, é prajña, surgindo por si mesmo não-dualmente.

O neto dármico de Hui Neng, Ma-tsu, concorda com Hui Neng e o Sutra de Diamante: “Então, com pensamentos anteriores, pensamentos posteriores e pensamentos intermediários: os pensamentos se seguem, sem estarem ligados. Cada um é absolutamente tranquilo.” Que cada pensamento não suportado seja absolutamente tranquilo é um novo ponto, embora talvez implícito no uso do termo ausência de pensamento por Hui Neng. Quando alguém perde o senso de si e se torna completamente um pensamento não suportado, há novamente o paradoxo do wei-wu-wei, no qual ação e passividade são combinadas. Como afirma o Mahāmudra, existe o movimento do pensamento não-dual, mas ao mesmo tempo há a consciência de que não há movimento. É por isso que essa experiência também pode ser descrita como ausência de pensamento. O antigo mestre C’han Kuei-shan Ling-yu, se referiu a isso como "pensamento sem pensamento": "Através da concentração, um devoto pode obter um pensamento sem pensamento. Desse modo, ele é subitamente iluminado e percebe sua natureza original.” O pensamento sem pensamento não é uma mente completamente vazia de qualquer pensamento. Antes, “um pensamento (não-dual) é um pensamento sem pensamento”, assim como um som não-dual é um som sem som e uma ação não-dual é ação sem ação.

O budismo descreve essa consciência do que não muda como a percepção de que o pensamento é
Shunya (vazio). O equivalente vedantino de Shunyata é o seu conceito de Nirguna Brahman, aquela consciência consciente, mas sem atributos, que não pode ser conhecida. Se isso for verdade, podemos ver um paralelo ao relato budista na alegação do Advaita de que "a consciência invariável penetra nas modificações da mente como o fio de um colar de pérolas." Essa consciência não é pensadora no senso cartesiano dualista, mas é, como o purusha donkhya, aquilo que nunca muda.

Um paralelo ainda mais impressionante é encontrado nesta declaração pelo grande
Advaitin Ramana Maharshi do século XX:

O ego em sua pureza é experimentado no intervalo entre dois estados ou entre dois pensamentos. O ego é como o verme que deixa um porão só depois que pega outro. Sua verdadeira natureza é conhecida quando está fora de contato com objetos ou pensamentos. Você deve perceber esse intervalo como a Realidade permanente e imutável, seu verdadeiro Ser.

A imagem do ego como um verme que deixa um
porão apenas depois de pegar outro pode muito bem ter sido usada por Hui Neng e Ma-tsu para descrever a maneira como os pensamentos são ligados em uma série. A diferença é que o budismo Mahāyāna encoraja o surgimento de um pensamento "não suportado", enquanto Ramana Maharshi entende a Realidade imutável como aquela que é realizada apenas quando está fora de contato com todos os objetos e pensamentos. Isso é consistente com a relação geral entre o Mahāyana e o Advaita: como vimos, o Mahāyana enfatiza a realização do vazio de todos os fenômenos, enquanto o Advaita distingue entre Realidade vazia e fenômenos (físicos e mentais), portanto desvalorizando mais este último.

A imagem de um verme hesitante em deixar seu
porão foi usada em uma conversa que tive em 1981 com um monge Theravada da Tailândia, um mestre em meditação chamado Phra Khemananda. O que ele disse não foi motivado por nenhuma observação minha; isso lhe fora ensinado por seu próprio professor na Tailândia. Ele começou desenhando o diagrama ilustrado na figura 1.



Figura 1

Cada círculo oval representa um pensamento, ele disse. Normalmente, deixamos um pensamento apenas quando temos outro para onde ir (como as setas indicam), mas pensar dessa maneira constitui ilusão. Em vez disso, devemos perceber que o pensamento é realmente como mostrado na figura 2.




Figura 2

Então entenderemos a verdadeira natureza dos pensamentos: que os pensamentos não surgem um do outro, mas por si mesmos.

Esse entendimento de pensamentos que não se ligam em uma série, mas surgem não-
dualmente, é consistente com a concepção de prajña de D. T. Suzuki:

É importante notar aqui que prajña quer ver sua expressão “rapidamente” apreendida, não nos dando um momento intermediário para reflexão, análise ou interpretação. Prajña por esse motivo é frequentemente comparada a um relâmpago ou a uma faísca de dois pedaços de pederneira. "Rapidez" não se refere ao progresso do tempo; significa imediatismo, ausência de deliberação, nenhuma permissão para uma proposição interveniente, nenhuma passagem das premissas para a conclusão.

Isso oferece uma visão dos muitos diálogos zen nos quais os alunos são criticados por sua hesitação ou elogiados por suas respostas aparentemente sem sentido, mas imediatas. Que a resposta seja imediata não é suficiente;
o que importa é que cada resposta seja experimentada como uma "representação do todo" não-dual. A hesitação revela falta de prajña porque indica algum trem lógico de pensamento ou a paralisia auto-consciente de todo pensamento.

Ainda mais importante, isso também explica como a meditação funciona, uma vez que deixar de lado os pensamentos rompe a ligação habitual dos pensamentos em uma série. Huang Po:

Por que eles [estudantes zen] não me copiam, deixando cada pensamento ir como se não fosse nada, ou como se fosse um pedaço de madeira podre, uma pedra ou as cinzas frias de um incêndio morto?

Estamos agora em posição de responder ao problema colocado no início: como caracterizar a diferença entre raciocínio/conceitualização/pensamento dualista e o tipo de pensamento que ocorre após a iluminação profunda. O problema com o raciocínio/conceitualização é que envolve o pensamento como um processo lógico que leva a uma conclusão - isto é, como uma série de pensamentos interligados. Os elementos de pensamento de tal
modo de pensar nunca ficam sem suporte por si mesmos, mas são entendidos apenas com referência a pensamentos anteriores, aparentemente "causados" por eles e sem nenhum significado além deles. A experiência de prajña parece ser que, em vez de extrair laboriosamente as implicações lógicas de um pensamento para outro (para qual processo um eu é considerado necessário), os pensamentos surgem plenamente desenvolvidos, como Minerva da testa de Zeus.

Mas algo ainda não está claro. Se o sentido do eu é o resultado dessa ligação reflexiva dos pensamentos, ele também não pode ser postulado como a causa. “
Eu” não posso me apegar a pensamentos se o “eu” é uma consequência do apego. Então, exatamente quem é esse "eu" que liga o pensamento em uma série? Se respondermos que deve ser a própria Mente, o Absoluto não-dual, isso apenas leva o problema um passo para trás, pois por que a Mente precisa vincular pensamentos ilusoriamente, quando presumivelmente não tem nada?

Na medida em que isso envolve procurar uma "primeira causa" - neste caso, a origem da ilusão - nenhuma resposta definitiva é dada nas tradições não dualistas, presumivelmente porque nenhuma pode ser dada. O que pode ser fornecido é a fenomenologia do processo como o vivenciamos agora. A segunda nobre verdade do budismo Páli identifica a causa do nosso sofrimento como desejo. Isso se refere a mais do que desejo físico. O terreno comum entre esse desejo e a maioria de nossos outros processos mentais, incluindo filosofar, é o buscar. Por que a mente busca? Porque está tentando se consertar, encontrar um lar seguro. A mente tenta se objetivar porque experimenta sua própria falta de forma, seu vazio, como desconfortável. Que o ego-eu seja uma ficção não é algo que precisamos aprender com uma filosofia exótica, pois todos nós a experimentamos. Mas nós a experimentamos como uma falta, um buraco sem fundo que, por mais que tentemos, nunca pode ser preenchido. A frustração de nossas vidas é que sempre há algo que precisa ser feito. O equivalente emocional é o sentimento de inadequação; psicologicamente é culpa. Sentimos constantemente a necessidade de validar nossa existência de alguma forma, o que é auto-destrutivo, porque a preocupação em ganhar ou provar algo é o que impede a mente de perceber sua própria natureza de não-ganho e não-perda. Isso resolve o problema de como pode haver tal coisa como uma sensação de eu: não existe. O senso de si só pode ser entendido como um processo que tenta continuamente, mas em vão, se proteger de uma maneira ou de outra. O ego tenta negar seu vazio de uma maneira que apenas revela sua obsessão por esse vazio, sempre precisando se antecipar, agarrando-se ao próximo pensamento e assim por diante. O ego é esse impulso constante no futuro - um impulso que, mais precisamente, gera o futuro. Por definição, o eu é o que é "diferido". É por isso que a perspectiva de morte física pode muitas vezes levar à morte do ego: a morte é o fim de todo adiamento.

Agora vemos porque praj
ña não tem nenhum conteúdo, por que não pode envolver apreender nada mentalmente: porque a compulsão de apreender algo é igualmente problemática, seja um desejo por objetos dos sentidos ou a necessidade espiritual de Conhecer A Verdade. Mas a solução para isso não é um quietismo que habita pacificamente no vazio da mente: “O Caminho não é uma questão de saber ou não saber. Saber é ilusão; o não-saber é uma consciência vazia”. (Nan-ch’üan) Quando procuramos outra alternativa, o “caminho do meio” entre esses dois extremos, resolvemos outro dualismo: aquele entre iluminação e ilusão. A “Canção da Iluminação” de Yung Chia começa:

Você não viu um homem de Tao à vontade
Em seus estados não ativo (wu-wei) e além dos estados de aprendizagem
Que não suprime pensamentos nem busca o real? Para ele
A verdadeira natureza da ignorância é Buddhat
a.
E o corpo inexistente de ilusão é Dharmakāya.


Rejeitar a ilusão e aceitar a verdade é apenas outra forma de ilusão, diz Yung Chia mais tarde, pois essa discriminação entre rejeitar e aceitar ainda é dualista; quem pratica dessa maneira confunde um ladrão com seu próprio filho. O Caminho não é uma questão de escapar da ilusão, porque não há outro lugar para escapar, exceto a um quietismo igualmente ilusório. É mais uma questão de ilusão
libertadora, como Dogen diria. O que distingue a ilusão liberada é a total liberdade da mente para dançar livremente de uma coisa shunya [vazia] para outra, de um conjunto de conceitos para um conjunto diferente e talvez contraditório. A diferença não está necessariamente nos próprios conceitos - eles podem ser os mesmos -, mas com que esforço a mente é capaz de brincar com eles sem ficar presa. Na medida em que a mente pensa que existe uma Verdade objetificável (já compreendida ou ainda não), ou na medida em que ela pensa que morar no vazio da mente é a Verdade, essa liberdade não se realiza: a mente tropeça em si mesma, espeta nisto, pula para aquilo e não quer deixar ir, porque ainda entende como sua tarefa fundamental o encontrar e morar em um “lar” seguro para si.

Se sua mente se afastar, não a siga, pois sua mente errante irá parar de vagar por si mesma. Caso sua mente deseje permanecer em algum lugar, não a siga e não fique lá, pois a busca de uma morada por sua mente cessará por vontade própria. Assim, você passará a possuir uma mente não-habitante - uma mente que permanece no estado de não-morada. Se você está plenamente consciente de uma mente que não habita, descobrirá que existe apenas o fato de habitar, sem nada para se habitar ou não. Essa total consciência em si mesmo de uma mente que não habita em nada é conhecida como ter uma percepção clara de sua própria natureza. Uma mente que não habita em nada é a Mente de Buda, a mente de alguém já entregue, Mente de Bodhi, Mente Não-Criada... você terá conseguido entender de dentro de si mesmo - um entendimento decorrente de uma mente que não existe em nenhum lugar, pela qual entendemos como uma mente livre de ilusões e da realidade. (Hui Hai)

Devido à sua preocupação com vários tipos de busca, devido à sua identificação com vários tipos de fenômenos, a mente não percebe sua natureza sem forma e
sem morada. Não é o caso que a mente queira algo em particular, pois assim que a mente obtém o que é desejado, ela quer outra coisa, como sabemos. Acima de tudo, a mente quer a si mesma, mas a grande ironia é que essa é a única coisa que ela nunca pode ter. No entanto, isso não impede a mente de tentar se apreender, e o resultado dessa reflexividade é o ego ou o senso de si. Isso oferece um tipo de segurança, mas a um custo trágico, porque o medo é gerado ao mesmo tempo: tudo o que é apreendido também pode ser perdido. Nenhuma objetivação é suficientemente estável, pois "todas as coisas passam" - felizmente, pois o sucesso aqui seria uma espécie de petrificação. Mas o medo da perda de si - que experimentamos de várias formas, principalmente o medo da morte - torna-se um sofrimento que permeia a vida, às vezes conscientemente, mais frequentemente inconscientemente. Isso resulta na tentativa às vezes desesperada de encontrar uma espécie de “imortalidade substituta” por meio de símbolos - por exemplo, pela coleta de dinheiro ou posses (é igual a acumular vida) ou pela criação de objetos de cultura (por exemplo, livros, obras de arte) que será apreciado com gratidão pela posteridade (é igual a sobreviver à morte em forma simbólica).

Para que a mente sem forma perceba sua falta de forma e sua liberdade corolária, o sentido do eu reflexivamente objetivado e todas as suas projeções devem entrar em colapso. A dificuldade
está em como abordar isso, sem fazer com que esse colapso se torne uma não-busca que é apenas mais uma coisa que o ego busca, o que, como veremos mais adiante, é o que acontece com o habitual dualismo espiritual entre a prática como meio e a iluminação como objetivo. A alternativa não é abandonar voluntariamente a busca espiritual, pois o valor dessa busca está em que ela é capaz de receber todos os desejos e apegos em que a mente está dispersa e concentrá-los em um; é a evaporação daquele que pode então colocar toda busca em descanso. A menos que a natureza vazia e não nascida da mente seja claramente percebida e não apenas apreendida conceitualmente, a busca inconsciente de auto-validação simbólica e imortalidade substitutiva continua, porque o medo da perda de si não foi completamente resolvido. A única solução verdadeira é que a mente se solte e se perca. “Os homens têm medo de esquecer suas mentes, temendo cair no Vazio sem nada para impedir sua queda. Eles não sabem que o Vazio não é realmente vazio, mas o reino do Dharma real.” (Huang Po)

Uma objeção pode surgir espontaneamente em reação a essa concepção de pensamento não dual: sem a direção de um pensador para organizar o pensamento em alguma ordem, pensamentos surgiriam aleatoriamente e caoticamente e não se poderia funcionar de maneira significativa. Essa objeção ganha força com a experiência da associação livre que ocorre durante o devaneio, quando os controles conscientes que normalmente direcionam (ou parecem direcionar) nosso pensamento são relaxados. Mas não devemos equiparar concentração da mente a um pensador. A primeira - "mente unidirecionada" - é muito recomendada no Zen, por exemplo, mesmo que o ego seja negado. Prajña é um exemplo da primeira, porque não existe a "revisão" auto-consciente do segundo. Uma manifestação disso ocorre no combate do dharma, na qual se esperava que os monges zen avançados se empenhassem como uma maneira de testar e "polir" sua própria realização. Quando um monge era desafiado com uma "pergunta zen", sua resposta precisava ser imediata e apropriada à situação, pois esses são os critérios publicamente observáveis para o pensamento não-dual. O ponto aqui é que, ao contrário do que normalmente entendemos, não é necessário que o raciocínio faça mediação escolhendo a resposta mais apropriada dentre várias alternativas, pois o que surgir espontânea e não dualmente na "intuição prajña" será apropriado se a auto-hesitação não interferir.

Este não é um processo especial de "intuição"; é a função natural da mente para alguém sem a ilusão da dualidade. Mas, se o pensamento não-dual for paralelo aos outros tipos de experiência não-dual,
então nunca houve um pensador criando e vinculando pensamentos. Certamente, existe um padrão na organização da “minha” vida mental, mas não é algo que “eu” lhe tenha imposto. A diferença entre algo “na ponta da língua” de um kensho e o de um Buda anuttara-samyak-sambodhi é que o primeiro é apenas um vislumbre inicial da experiência não-dual na qual o senso de si se deixa ir, mas que rapidamente se reconstitui, para que o senso de dualidade retorne, mesmo que a percepção de que é ilusório persista. Com o satori não-regressivo, o âmago do ser permanece vazio e não há nada para obstruir a "ressurgência" do pensamento não-dual, e assim por diante, de uma fonte interior insondável e profunda.

Sobre o autor

 
David Robert Loy é professor da Faculdade de Estudos Internacionais da Universidade de Bunkyo, Japão. Ele estuda Zen há mais de vinte e cinco anos e é um professor Zen qualificado. Ele é o autor de "Falta e Transcendência: O Problema da Morte e da Vida em Psicoterapia, Existencialismo e Budismo" [Lack and Transcendence: The Problem of Death and Life in Psychotherapy, Existentialism, and Buddhism] e "Não-dualidade: Um Estudo em Filosofia Comparada" [Nonduality: A Study in Comparative Philosophy], além de vários artigos. (www.davidloy.org)

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Ação dos Óleos Essenciais na Consciência Humana

Por Paulo Stekel


Introdução

Atualmente, existem várias hipóteses para explicar a consciência: a hipótese materialista reducionista, a hipótese espiritualista, a hipótese sistêmica e hipóteses mistas. A neurociência geralmente adota a proposta materialista, mas há exceções. O cientista cognitivo canadense Mario Beauregard, por exemplo, é um neurocientista espiritualista, pois acredita que a consciência não é gerada pelo cérebro, não sendo um epifenômeno das atividades neurais, mas um fundamento fora do cérebro. Ainda que seja uma visão dualista da mente e da consciência, há outros teóricos, como o teórico sistêmico húngaro Ervin Laszlo, que entendem a consciência como uma propriedade do universo. Para ele, o universo é informacional. Esta informação se manifesta a partir de um campo original que ele batizou de Campo A ou Campo Akáshico (homenageando os antigos hindus com seu “akasha”, correspondente ao éter na visão europeia). Deste Campo A, a informação universal gera o Campo M ou Campo Manifesto, que é o campo em que nos encontramos. Há, aqui, um certo paralelo entre Campo A e Campo M e a Ordem Implicada e Explicada do físico David Bohm, que foi um discípulo do filósofo indiano Krishnamurti.

A aromaterapia tem se expandido largamente nos últimos anos. Um dos seus ramos mais recentes se chama de “aromaterapia vibracional” ou “aromaterapia energética”, e vai muito além da aromaterapia como um ramo da fitoterapia, pois pretende que as substâncias presentes dos óleos essenciais possuem ação não apenas sistêmica no ser humano (e, também, animais), mas uma ação em seus aspectos emocionais, psicológicos e “espirituais”, termo que aqui adotamos para nos referir aos aspectos da mente e da consciência humana.

Fora do Brasil está aumentando rapidamente a literatura envolvendo Óleos Essenciais e cérebro, mente, consciência, chacras e espiritualidade. Aqui, já temos algumas obras traduzidas, mas pouca coisa escrita por pesquisadores brasileiros. Isso deve mudar nos próximos anos, à medida que a literatura internacional vai sendo traduzida e incentivando pesquisas por aqui.

É fácil encontrar fora do Brasil marcas de Óleos Essenciais que enfatizam os efeitos dos mesmos sobre a consciência humana. Um exemplo é a Aurelia Essential Oils (https://www.aureliaessentialoils.com), que diz na entrada de seu website: a aromaterapia pode desencadear a memória (…). Nossas misturas de óleos essenciais, quando inaladas ou usadas de qualquer maneira, podem desencadear conhecimento e sabedoria que já estão dentro de nós - ocultos e fora de prática. (…) Use essas misturas em sua prática de meditação, estudos espirituais, jornadas e processos para chegar à raiz de qualquer bloqueio e convidar mais luz para sua vida.”

No Brasil, as marcas mais famosas ainda engatinham nesse quesito. Elas sabem da existência dos aspectos vibracionais e energéticos facilitados pelo uso de Óleos Essenciais, mas ainda não se valem disto de modo mais ostensivo na hora de divulgá-los. Centram-se mais em seus efeitos fitoterápicos e emocionais, o que se pode comprovar na divulgação em seus websites. Mas, é uma questão de tempo para que isso mude.

Se a consciência é gerada pela mente, como já se esclareceu, mas a mente extrapola o cérebro e todo o sistema neural, então, pode acessar mais do que imaginamos, e é exatamente isso que propõe a aromaterapia vibracional. Para ela, a mente pode ter três ações além do que pode aceitar a neurociência materialista: preexistência, pós-existência e ação à distância. Para o propósito deste artigo, interessa a análise da ação à distância, pois nos permite teorizar que os óleos essenciais, para além de sua comprovada ação fitoterápica sobre os diversos sistemas do organismo, pode também influenciar a mente e a consciência via olfação (também por massageamento), já que assim, suas substâncias atingem o sistema límbico diretamente. E, como deve ser ali que a expressão de uma mente advinda de um Campo A, como teorizado por Ervin Laszlo, começa a se organizar em uma personalidade e uma consciência de autorreferência, o uso frequente de determinados óleos essenciais pode ser um coadjuvante importante no processo de desenvolvimento da consciência em direção a uma melhor performance, não só do ponto de vista evolutivo neodarwinista, como acreditam os chamados cientistas espiritualistas “evolucionários” (como Carter Phipps), mas também do ponto de vista de uma facilitação de expressão da consciência original a partir do organismo como um todo, o que é crença dos espiritualistas em geral.

Sobre isso, o Dr. Malte Hozzel diz, em “Ensaios sobre Aromaterapia Holística”:

Os aromas têm acesso direto ao sistema límbico. É lá que muito do pré-pensamento ocorre.

Antes de um pensamento ser criado no neocórtex, dentro do cérebro humano, ele é pré-condicionado pelo sistema cerebral mais antigo, que compartilhamos com os macacos e outros animais.

(…) As experiências olfatórias ou “terapia olfatória” com óleos essenciais têm demonstrado que podemos reprogramar nosso pensamento e sentimento de uma forma natural e espontânea. O olfato é o primeiro e o mais antigo dos cinco sentidos, assim como a “linguagem” mais antiga no domínio da vida. As fragrâncias realmente têm esse poder. Elas conseguem nos guiar ao profundo que há em nós.

(…) Os óleos essenciais conseguem reprogramar o cérebro naturalmente. A reação de luta e fuga da amídala no sistema límbico é obstruída. Dor e medo são reinterpretados. Momentos de conforto reaparecem na situação de doença.

Este pré-pensamento de Hozzel é o que Steve Taylor (em “Spiritual Science”) e Fritjof Capra (em “A Visão Sistêmica da Vida”) chamam de cognição, não consciência propriamente dita, termo este reservado apenas ao processo autorreferente que nos faz pensar que somos quem somos (ou quem achamos ser, se dermos um crédito ao Buda). De qualquer forma, a cognição pode ser influenciada por óleos essenciais e, por extensão, a própria consciência nos níveis emocionais, psicológicos, mentais superiores e espirituais, pois estes níveis são desenvolvimentos do processo cognitivo do sistema mente-emoção-corpo, do qual falaremos mais adiante. Mesmo transtornos mais sérios podem ser tratados com óleos essenciais, como é o caso do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que o Dr. Hozzel recomenda tratar com óleos essenciais como alecrim-verdadeiro, hortelã-pimenta, ylang-ylang, lavanda-verdadeira e coentro (folhas), associados, por exemplo, a meditação, uma técnica que faz com que a consciência saia de sua usual autorreferência e se volte para o interior, aumentando a propriocepção do organismo e diminuindo a fixação no eu construído.

Com esta lógica, podemos concluir que, se os óleos essenciais, por agirem diretamente no sistema límbico, acessam o aspecto cognitivo da mente, que é anterior à formação da consciência de autorreferência, têm entre suas propriedades a capacidade de fazer o organismo como um todo voltar à homeostase ou, como diria o neurocientista português António Damásio, à homeodinâmica, um estado de equilíbrio dinâmico do organismo. No final, isso tudo acaba influenciando a própria consciência de autorreferência, aquela que forma a noção de um eu (este eu é localmente válido, ainda que seja relativo e não existente de um modo absoluto, como ensinava o Buda 2500 anos atrás). 


1 – Uma definição de Aromaterapia Vibracional

Em seu livro Cura Vibracional: revelando a essência da natureza por meio dos óleos essenciais na aromaterapia, Deborah Eidson apresenta uma definição de aromaterapia vibracional bastante abrangente:

A aromaterapia vibracional é um método de cura dos corpos físico, emocional, mental e espiritual que utiliza as propriedades energéticas dos óleos essenciais.

(…) Esse método fornece os meios de cocriação com o Reino das Plantas para que se perceba e se manifeste uma realidade expandida. Os óleos essenciais ajudam a estimular estados energéticos de consciência que abrem novos canais de percepção. Despertar esses estados pode ajudá-lo a descobrir revelações sobre as causas do sofrimento pessoal nesta vida, a curar traumas por meio do aprendizado de suas lições espirituais.

As partes grifadas mostram cinco propriedades vibracionais dos óleos essenciais:

1ª – Eles possuem, além das propriedades fitoterápicas, propriedades energéticas, ou seja, propriedades que, sistemicamente, sensibilizam a mente e a consciência humana, interferindo positivamente no processo de autocura do organismo integral.

2ª – A possibilidade de cocriação com o reino vegetal é uma ideia perfeitamente sistêmica (Fritjof Capra prefere este termo a “holística”, que é o mais antigo), que vê tudo como integrado e criativamente conectado por relações de feedback mútuo (neste sentido, “cocriação” significa que ajudamos a fazer o universo em sua expansão e expressão ao longo do tempo; ele não é considerado algo “pronto”, como querem os partidários de uma visão criacionista simples).

3ª – A expansão da consciência equivale a uma percepção de uma realidade expandida, ou seja, a ação dos óleos essenciais pode ser um realçador de realidades que normalmente não percebemos (outros “planos” ou realidades paralelas, como dizem alguns), sem que tenham ações psicodélicas, como certos tipos de substâncias lícitas e ilícitas.

4ª – A ativação de certos canais de percepção na mente humana que a grande maioria não acessa (telepatia, intuição, precognição, etc.), bem como um aumento da sensibilidade, compaixão e empatia, parece ser algo instigante e promissor no uso dos óleos essenciais, de modo que a pesquisa futura deveria se ocupar deste aspecto.

5ª – Entender as causas do próprio sofrimento, pessoal e coletivo, pode ser algo facilitado pelo uso de óleos essenciais como coadjuvante em outros processos (meditativos, contemplativos, psicoterápicos, espirituais, religiosos, etc.).

Entender cada uma dessas cinco propriedades e conduzir pesquisas a partir delas pode demonstrar que a ação dos óleos essenciais vai muito além da fitoterapia. Isso poderia também ser verdadeiro para outros tipos de fitoterapia? Com certeza, mas a aromaterapia usa substâncias concentradas, de modo que os efeitos dos óleos essenciais são mais pronunciados e identificáveis com mais rapidez, o que ajuda no avanço da pesquisa.


2 – Mente, Consciência e Óleos Essenciais

No seu livro já citado, Deborah Eidson diz que a cura vibracional, incluindo a que utiliza óleos essenciais, não é limitada por restrições de espaço e tempo:

Na verdade, não há barreiras de tempo ou espaço. Denominamos essa percepção expandida de realidade como continuum espaço-tempo. (…) No grande continuum espaço-tempo, Agora é – ao mesmo tempo – passado, presente e futuro. O aprendizado de como extrapolar essa dimensão vem da integração do continuum espaço-tempo com a sua vida, o que diminuirá o controle que o tempo mecânico tem sobre ela. (…) Colapsar o tempo é a habilidade de contemplar o passado e o futuro simultaneamente, no âmbito do Agora.

Esse colapso temporal é uma condição dada por anos de meditação, mas parece que os óleos essenciais certos podem ajudar muito no processo.

Os óleos essenciais também parecem agir no nível dos chacras, vórtices invisíveis que possuem correspondência com o sistema glandular. Neste caso, os óleos interagem com os chacras, fazendo-os precipitar para o nível físico a programação de cura para o organismo como um todo (pois, se crê que todas as disfunções, doenças e mesmo a imunidade e predisposição contra agentes externos vem do nível dos chacras antes de se manifestar biologicamente).

Na verdade, os óleos essenciais agem nos três níveis definidos por Dietrich Gümbel em Fundamentos da terapia holística com óleos essenciais das plantas:

O ser humano como biocosmos compreende três mundos: o mundo do espírito e o mundo das emoções (do latim psyche = alma), ambos se manifestando biologicamente no mundo físico. Assim, o homem é o cidadão desses três mundos, unidos em um só corpo, homogeneamente, como um ser humano integral. Portanto, a pele, nosso órgão límitrofe, embora não tenha somente a função de separar, mas também de unir, pode ser definida como um órgão de consciência porque nos permite “agarrar” a diferença entre o nosso biocosmos e o mundo externo.

Essa ideia da pele como limítrofe com o mundo externo e como um órgão de consciência, é apresentada por outros autores, especialmente teóricos sistêmicos. Quanto aos três níveis citados por Gümbel, usando a visão da neurometafísica sistêmica, chamamos de: mundo da mente (pensamentos), mundo das emoções e mundo do corpo biológico. A consciência humana viria da simultânea percepção integral autorreferente destes três níveis, que se retroalimentam entre si tanto através de input/outputs neurais (tendo o corpo como base e constituindo cognição, não consciência, no entender de Steve Taylor no livro “Spiritual Science”) quanto de inputs/outputs de consciência (tendo como base a consciência não-local, além da cognição, vindo ou indo do Campo A e do Campo M, no entender de Ervin Laszlo). Corroborando isso, Gümbel afirma que a “consciência não está somente fora do corpo, mas também dentro” (op.cit.).

Na mesma linha, Peter & Kate Damian afirmam, em “Aromaterapia – aroma e psique”:

A mente é o mais recente incremento da consciência humana. A consciência humana é a totalidade da nossa percepção, das funções da consciência, dos sentidos e do ser, e ela é maior do que a soma de suas partes. A mente cria as necessidades motivacionais mentais, intelectuais, relativas ao conhecimento e à compreensão. Idealmente, a mente desapaixonadamente observa, qualifica ou modifica o comportamento instintivo e emocional do corpo e da psique, incluindo aquele estimulado ou experimentado pelo olfato. Devido aos seus poderes cognitivos, a mente faz a mediação dos efeitos dos odores, da percepção do odor e da resposta ao odor.

O que eles chamam de “poderes cognitivos” da mente são o que Capra e Taylor chamam de “cognição”, reservando “consciência” para a consciência que Peter & Damian dizem que é “maior do que a soma de suas partes”.

De fato, os óleos essenciais têm ação conhecida sobre o corpo físico, os diversos sistemas do organismo, ação sobre o sistema nervoso, efeitos sobre o estado emocional e, eis a proposta da aromaterapia vibracional, sobre a consciência humana, entendida como algo não-local (no sentido da Física Quântica) que se expressa de modo local não apenas através do sistema neural, mas de todo o conjunto triplo mente-emoção-corpo. E, isso independe de se são administrados isoladamente ou na forma de “sinergias” (administração de vários óleos essenciais em compostos que agem de modo sistêmico e harmônico, sem desestabilizar o organismo), ou mesmo se estas sinergias são horizontais (uso de óleos essenciais semelhantes para uma finalidade específica) ou verticais (uso de óleos essenciais de diferentes grupos funcionais para mais de uma finalidade).

Além disso, Gümbel afirma que “todos os óleos essenciais são estimuladores do crescimento, porque estimulam energia” (op.cit.). Do ponto de vista da aromaterapia vibracional, isso não significa que eles sejam apenas “estimuladores do metabolismo”, como diz Gümbel, mas “estimuladores da consciência”, que não existe tal como a conhecemos fora do conjunto mente-emoção-corpo. Pesquisas neste sentido, se realizadas, devem trazer muito mais informações a respeito. Neste sentido, o efeito “holístico” ou sistêmico dos óleos essenciais é reconhecido por Gümbel:

Cada óleo essencial tem seu efeito holístico e uma função específica que é dirigida a um órgão específico, no qual o óleo exerce o seu efeito principal.


Em “Sinergias Aromáticas”, Jennifer Peace Rhind afirma que os óleos essenciais se dividem em estimulantes, calmantes e harmonizantes. Também, que os óleos estimulantes servem mais aos casos depressivos e os calmantes aos casos de ansiedade. Como a depressão geralmente apresenta um quadro de ansiedade, ambos os tipos de óleos essenciais devem ser considerados em sinergias, sem esquecer que os harmonizantes dão o golpe final no desequilíbrio. Percebem que esta classificação segue a lógica das gunas (qualidades) e doshas do ayurveda (rajas, tamas e sattva; vata, pitta e kapha)? Esta classificação é uma das bases da aromaterapia vibracional.

O efeito que os óleos essenciais têm sobre a mente e a consciência tem sido objeto de estudos recentes, mas os resultados são muito evidentes (como os de Howard Ehrlichman e J. N. Halpern). Por isso, Peter & Kate Damian, em seu livro citado, afirmam que:

(…) os sentimentos induzidos pelos odores (assim como os sentimentos gerados de outra forma) influenciam o conteúdo do pensamento e o processo de pensar, a concentração mental e talvez até mesmo o julgamento racional.

Influenciam, mas não determinam, com certeza. Redirecionam o organismo como um todo para o equilíbrio homeodinâmico (mais uma vez usando um termo cunhado por António Damásio), um equilíbrio que se constitui de idas e vindas aceitáveis dos parâmetros considerados “saudáveis” para o indivíduo. Estes parâmetros não são iguais para todos, mas seguem o histórico de cada organismo, de modo que o aromaterapeuta deve considerar isso ao receitar óleos essenciais para ação coadjuvante em problemas de ordem emocional, sistêmica e para ampliação de consciência.


3 – Óleos Essenciais e seus efeitos sobre as emoções e a consciência

Incluímos aqui uma pequena lista de óleos essenciais e seus efeitos observados sobre as emoções, a psique e a consciência humana. É importante deixar claro que você só deve utilizar óleos essenciais no modo e dosagem correta, o que só pode ser indicado a você por um aromaterapeuta ou um aromatólogo qualificado. Não use óleos essenciais por conta, sem a segurança de profissionais que entendam do assunto.


Alecrim (Rosmarinus oficcinalis): Ótimo para diminuição da ansiedade e de palpitações cardíacas. Acalma o sistema nervoso e é usado em massagens para casos de urticária nervosa. Parece ser um dos óleos mais promissores com ação sobre as emoções humanas (quiçá, em animais também). Do ponto de vista psicológico, o alecrim é estimulante, purificante e protetor, auxilia na meditação e mantém a mente clara e atenta. É associado ao chakra do terceiro olho.

Angélica – raízes (Angelica archangelica): Age sobre o timo e o chacra do coração. Teria ação sobre as capacidades de empatia, compaixão e reconhecimento de nossa responsabilidade com o todo. Para alguns, ajudaria até a lembrar de vidas passadas.

Anis-Estrelado (Illicium verum): Aumenta a intuição, o que ajuda a mudar os padrões e paradigmas viciados. Em extensão, poderia ajudar a ampliar capacidades PSI como telepatia, clarividência, clariaudiência e presciência.

Benjoim (styrax benzoin): Atua como um escudo protetor contra as asperezas da vida. Ajuda a equilibrar os chacras do coração e da base.

Bergamota (citrus bergamia): Restaura, acalma e equilibra. Suas qualidades luminosas e antidepressivas podem ajudar no tratamento do Transtorno Afetivo Sazonal e tem efeito animador nos dias frios e escuros do inverno. É revigorante e tem afinidade com o chacra do coração, aliviando suavemente a tristeza, a depressão e o sofrimento em geral.

Baunilha (Vanilla planifolia): Teria influência direta na mente, alinhando os chacras da coroa, garganta e coração (corpo, fala e mente, na linguagem budista), permitindo uma auto-expressão mais amorosa.

Bergamota (Citrus x bergamia): Tem uma ação sobre estados depressivos, de confusão, não aceitação, repressão e julgamento negativo, aumentando o amor-próprio.

Cajepute (Melaleuca cajuputi): Tem influência sobre a sexualidade e os problemas emocionais ligados a ela, melhorando a autossatisfação e a criatividade. Mesmo nos casos de abuso sofrido, parece favorecer a autocura emocional.

Cálamo – rizomas (Acorus calamus): Parece ter um forte efeito sistêmico, pois ajuda a reconhecer condicionamentos familiares herdados, suas dinâmicas e comportamentos. Assim, melhora quadros de baixa autoestima, comportamento obsessivo, vitimismo e reações defensivas.

Camomila – romana (Chamaemelum nobile) e alemã ou azul (Matricaria chamomila): Além de acalmar a mente, pode favorecer estados PSI, como canalização e processos mediúnicos, onde a mente se volta para o Campo A, abstraindo do chamado Campo M (cfe. a teoria de Ervin Laszlo).

Canela – do Ceilão (Cinnamomum verum) e da China (Cinnamomum cassia): Quando pensamentos fixos e convicções muito arraigados não permitem a mudança de consciência, a canela pode ser uma ótima opção.

Cânfora – de-borneo (Dryobalanops aromatica) e branca (Cinnamomum camphora): Aumenta o senso de desapego, diminuindo as paixões tóxicas e problemáticas, levando a consciência para um nível mais amplo e aberto.

Capim-Limão/Cidreira (Cymbopogon flexuosos/citratus): Diminui a inflexibilidade, abrindo a mente a novos horizontes e a novos desafios. Estimula as funções do lado esquerdo do cérebro, dissolvendo as inquietações sobre o futuro.

Cardamomo – sementes (Elettaria cardamomum): Ajuda na libertação dos pensamentos padronizados ou pensamentos de massa, favorecendo o protagonismo de uma consciência mais ampla.

Cedro-do-atlas – madeira (Cedrus atlantica): Teria como propriedade ajudar a consciência a perceber a ilusão, a fantasia e as delusões frequentes em cada um de nós, ampliando o senso de realidade.

Cenoura – sementes (Daucus carota): Teria a capacidade de aumentar a propriocepção, a percepção de si mesmo, bem como a de que a mente tem o poder de ser construtiva ou destrutiva, conforme nossa motivação.

Cipreste-europeu (Cupressus sempervirens): Ajuda nos casos de depressão nervosa, permitindo que se aprenda com as experiências da vida. Assim, estimula o aprendizado cumulativo que a mente tem como uma de suas propriedades básicas (criatividade e aprendizado).

Cravo-da-índia – botões (Syzygium aromaticum): Diminui a defensividade que leva a paixões rígidas e tóxicas, tratando medo e raiva.

Erva-doce (Foeniculum vulgare): Pode ajudar na melhora da autoimagem, aumentando a autoestima. Para casos de insegurança e sentimentos de falta de controle. Duas gotas de óleo essencial de erva-doce esfregadas entre as palmas das mãos e passadas sobre a pele à moda de passe, sensibiliza a aura e pode proteger contra perturbações psíquicas.

Eucalipto (Eucalyptus globulus/radiata/viminalis, etc.): Ajuda a perceber as projeções nas relações e aumenta a intuição, dissolvendo vínculos disfuncionais.

Gengibre (Zingiber officinale): Ajuda no reconhecimento e trabalho com a nossa sombra, o que escondemos de nós e dos outros no fundo de nossa consciência. É indicado para o uso na meditação quando se está sofrendo de fraqueza em razão de esgotamento nervoso. O gengibre aquece e fortalece as emoções, aumenta a determinação e inspira a iniciativa e a ação para levar os planos adiante até sua conclusão. Ajuda a dissipar as depressões de inverno e, especialmente quando misturado com bergamota, é útil para combater o Transtorno Afetivo Sazonal.

Gerânio (Pelargonium graveolens): Diminui a vergonha, e estimula o senso de segurança, facilitando o desejo de relacionar-se emocionalmente com os outros. Fortalece o fluxo de energia sutil ou chi e é útil para tratar a ansiedade associada à debilidade dos nervos.

Grapefruit (Citrus x paradisi): Um óleo que ajuda a acalmar o falatório mental, um dos grandes problemas do ego. A fala não atenta tem como propriedade o discurso excessivo, sem conteúdo. Quando a mente se acalma, a fala se apazigua.

Hortelã-pimenta (Mentha x piperita): Imagina-se que tem a propriedade de nos aproximar dos aspectos mais elevados da consciência, onde a intuição, e não a razão, fala mais alto.

Immortelle ou Sempre-viva Immortelle (Helicrysium gymnocephalum, H. italicum): Organiza o sistema imunológico. Estimula a intuição e a criatividade. Inspira a força interior, afasta todo o sentimento de fragilidade, abrindo o coração para resgates emocionais e cura espiritual.

Jasmim (jasminum grandiflorum): Inspira a euforia e ajuda a restaurar a confiança e o otimismo. Torna as emoções mais abertas e calorosas e ajuda pessoas habitualmente reprimidas e tímidas. É associado à sabedoria intuitiva, sendo portanto útil para a meditação de atenção plena (mindfulness) ou insight.

Junípero (Juniperus communis): Ajuda a desenvolver mais paciência e fortalece a vontade espiritual em detrimento da vontade do ego inflado.

Laranja-doce (Citrus x sinensis): Se crê ter efeito sobre a aura humana, expelindo negatividade, formas-pensamento densas e resíduos de experiências estressantes durante os sonhos.

Lavanda (Lavandula angustifolia): Com seu poder calmante intenso, favorece o relaxamento, os processos PSI (mediúnicos, inspirativos e de canalização) e dá acesso a novas percepções de consciência. Seus efeitos calmantes e relaxantes podem ser usados para facilitar a meditação. Suas qualidades podem devolver a harmonia à aura e ajudar a equilibrar os chacras.

Limão-siciliano (Citrus x limon): Aumenta a alegria interior e o otimismo. Ifluenciando o chacra da garganta, permite uma autoexpressão mais proficiente. Pode ajudar até no tratamento da compulsão por álcool. Ajuda a prevenir os rompantes emocionais e auxilia na tomada de decisões. Ilumina a mente obscurecida, nublada ou confusa. É útil na meditação para clarear a mente e também abre o coração.

Louro – folhas (Laurus nobilis): Aumenta as capacidades perceptivas e as habilidades PSI (clarividência, clariaudiência, etc.), bem como o entendimento de pensamentos abstratos. Trata dores em geral. Afasta maus pensamentos e incertezas. Ilumina as sombras da mente, trazendo discernimento.

Manjericão (Ocimum basilicum): Ajuda na percepção da realidade que o próprio indivíduo cria para si, bem como na aceitação da responsabilidade advinda desta criação. Útil na estabilização da energia vital após doença contagiosa.

Manjerona (Origanum majorana): Permite o reconhecimento dos medos subconscientes (a sombra), o que leva a um maior crescimento espiritual. tem o efeito de uma segunda pele, acalmando a hipersensibilidade e aliviando o estresse e a tensão nervosa. Oferece conforto a quem está triste e solitário e é reconfortante para os celibatários, dando segurança às suas emoções. Estimula o fluxo de energias sutis por todo o corpo e ressalta a força e a resistência interiores.

Mirra (Commiphora myrrha): Ajuda a dissolver o complexo de mártir, que faz o indivíduo carregar fardos alheios, prejudicando sua própria vida.

Néroli (citrus aurantium): Útil em casos de medo, choques emocionais e pensamentos do passado presos. É calmante e revigorante, em especial para as pessoas que se inquietam com facilidade, são emocionalmente instáveis ou inseguras; ele diminui a intensidade das emoções fortes. Auxilia na meditação e facilita a cura espiritual. Alivia problemas urgentes de origem emocional ou psicológica e ajuda também quem sofre de ansiedade crônica.

Noz-moscada (Myristica fragrans): Ajuda no apaziguamento dos sentimentos de traição e perda, aumentando a flexibilidade e a espontaneidade. É um revigorante tônico para os nervos, aliviando a fadiga crônica, a fraqueza, a ansiedade e a depressão e reconfortando os que sentem que chegaram ao fundo do poço. É útil na meditação para aqueles que estão fisicamente cansados e com sono ou cansados de viver.

Olíbano (Boswellia carteri): Ajuda no reconhecimento das emoções negadas com frequência. Assim, leva a um despertar do propósito espiritual, o que significa maior conexão com os aspectos profundos da consciência.

Patchouli (Pogostemon cablin): Leva a um enraizamento e ao fortalecimento da vontade de viver. Também ajuda no questionamento das crenças cristalizadas e no estabelecimento de novos paradigmas.

Petitgrain de laranja-amarga (Citrus x aurantium): Ajuda na superação das obsessões e dos vícios em geral, bem como em casos em que se quer ter controle sobre tudo e todos.

Pimenta-preta – pimenta-do-reino (Piper nigrum): Ajuda na superação da preocupação e da ansiedade, bem como a reconhecer a negação, levando a mais autoaceitação e compaixão. Útil para parar de fumar. Fortalece a mente e o espírito. É indicado na meditação quando a pessoa se sente fria e distante de tudo; ajuda você a seguir em frente quando tem a impressão de estar preso num beco-sem-saída.

Pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris): Aumenta a consciência de grupo, o desejo de viver em comunidade, e favorece o que, no pensamento sistêmico, é considerado um próximo nível da consciência humana.

Poejo (Mentha pulegium): Assim como o Grapefruit, ajuda a acalmar o falatório mental, as ruminações da mente. Pode induzir a cura das paixões possessivas e ciumentas, pelo aumento da autoconfiança.

Rosa (Rosa damascena/alba/gallica/centifolia, etc.): Aumenta a criatividade da mente, uma de suas principais propriedades na consciência humana. Também amplia sentimentos de amor, compreensão e solidariedade.

Sálvia-Esclareia (Salvia sclarea): Assim como o Grapefruit e o Poejo, ajuda a diminuir o falatório mental. Assim como o Alecrim (especialmente QT cineol), ajuda a aumentar a alegria. Como diminui os pensamentos obsessivos, é ótimo para tratar depressão.

Sândalo (Santalum album): Estimula a imaginação, tanto no sentido de sensualidade quanto no sentido espiritual mais elevado. Conecta a energia do chacra raiz ao do coração. Facilita a prática espiritual. Acalma as irritações nascidas da frustração, tranquiliza e aquieta a mente e abre o potencial espiritual. É usado para despertar a kundalini nos rituais tântricos, ou seja, ajuda a despertar a energia sexual para que seja transmutada em sabedoria espiritual.

Tangerina (citrus reticulata): Antidepressivo, fortalece e tem qualidade ligeiramente hipnótica. Ajuda a aquietar a mente hiperativa e promove o sono reparador.

Tea Tree (Melaleuca alternifolia): Por favorecer o reconhecimento da sombra (como os óleos de Gengibre e Manjerona), inspira confiança e dissipa a depressão decorrente das doenças crônicas. Também fortalece as energias sutis.

Vetiver (Chrysopogon zizanioides): Como ajuda a resolver os problemas de amor e ódio com o corpo físico, permite nos conectarmos como o todo que somos – corpo e mente (consciência).

Wintergreen (Gaultheria procumbens): Leva a um forte desejo de introspecção, o que pode ser muito benéfico para pessoas excessivamente lógicas e racionais.


4 - Conclusão

A aromaterapia e, dentro dela, a aromaterapia vibracional, é um dos ramos emergentes de tratamento da saúde, junto com outras alternativas. É um ramo ainda em ascensão, onde muita pesquisa precisa ser feita, para que se extraia da natureza e de seus óleos essenciais todos os benefícios possíveis ao equilíbrio integral do ser humano, o que passa pela ampliação de sua consciência.

Como diz o Dr. Hozzel no encerramento de seu livro citado:

A aromaterapia, a medicina energética, a cura vibracional, as terapias corporais sutis, os métodos dos chacras, entre outras, são agora os novos passos que nos levam à compreensão da “mente sobre a matéria”, na qual a consciência é o principal motor de tudo, sendo então o real responsável pelo nosso destino, tanto espiritual quanto psicofisiológico. Isso pressupõe o reconhecimento de que somos mais do que meros corpos físicos.

Mente e matéria têm constituído uma dualidade científica desde Descartes, quando privilegiou as explicações baseadas na matéria e deixou o reino do espírito (mente, consciência) de fora, até que a neurociência o considerasse mero epifenômeno dos eventos neurais. Agora, a partir da visão sistêmica e da neurociência espiritual, podemos voltar a pensar na mente e na consciência como algo fundamental no universo, como pensam Mario Beauregard, Amit Goswami e Ervin Laszlo, entre outros.

A ação que os óleos essenciais parecem ter sobre a mente humana é de natureza arcaica, primordial, no sentido de límbica, ou seja, na base do que constitui a geração e expressão da consciência de autorreferência do ser humano moderno. Pelo mesmo motivo, funcionam com mamíferos em geral, que possuem o sistema límbico muitas vezes como o sistema principal, sem córtex desenvolvido ou mesmo um rudimento de neocórtex.

Seriam, então, os óleos essenciais, uma opção de retorno ao equilíbrio fundamental com a natureza que perdemos ao longo dos séculos? Muito provavelmente.


Bibliografia citada e recomendada

Baudoux, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux [tradução Mayra Corrêa e Castro], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.

Beauregard, Mario (PhD); O’Leary Denyse. O cérebro espiritual [tradução Alda Porto], Rio de Janeiro: BestSeller, 2010.

Capra, Fritjof & Luisi, Pier Luigi. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas [tradução Mayra Teruya Eichemberg, Newton Roberval Eichemberg], São Paulo: Cultrix, 2014.

Damásio, António. O mistério da consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si [tradução Laura Teixeira Motta], São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Damian, Peter & Kate. Aromaterapia – aroma e psiquê: o uso dos óleos essenciais para o bem-estar psicológico e físico [tradução Eliana Chiocheti], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.

Eidson, Deborah. Cura Vibracional: revelando a essência da natureza por meio dos óleos essenciais na aromaterapia [tradução Rosana Laura Romeros], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.

Farrer-Halls, Gill. Guia Completo dos Óleos Essenciais [Tradução Marcelo Cipolla], São Paulo: Editora Pensamento Cultrix, 2018.

Gümbel, Dietrich. Fundamentos da terapia holística com óleos essenciais das plantas [tradução Ane Walsh], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.

Hozzel, Malte. Ensaios sobre aromaterapia holística [tradução Luciana Chamma], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.

Laszlo, Ervin. A plenitude do cosmos: a revolução Akasha na ciência e na consciência humana [tradução Newton Roberval Eichemberg], São Paulo: Cultrix, 2018.

Phipps, Carter. Evolucionários: revelando o potencial espiritual e cultural de uma das maiores ideias da ciência [tradução Mário Molina], São Paulo: Cultrix, 2014.

Rhind, Jennifer. Sinergias Aromáticas: aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais [tradução Renata Maria Badin], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.

Taylor, Steve. Spiritual Science, London: Watkins Media Limited, 2018.

Willem, Jean-Pierre. Óleos essenciais antivirais: a solução natural para lutar contra as infecções [tradução Ana Lúcia Ramalho Mercê], Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.


Sobre o autor


Paulo Stekel é aromaterapeuta, estudante de aromatologia, instrutor de Meditação Não-dualista, orientador do Projeto Mahasandhi de Meditação Livre Não-Religiosa, pesquisador de Religiões e Espiritualidades, membro do NEDEC²- Núcleo de Estudos e Desenvolvimentos em Conhecimento e Consciência (UFSC – Florianópolis – SC). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Paleolinguística. É escritor polímata, jornalista, tradutor, revisor, músico, com vários álbuns lançados desde 2009. É um pesquisador não-acadêmico, especialista na interpretação dos textos sagrados das religiões. Nasceu e cresceu em Santa Maria (RS). Atualmente reside em Florianópolis (SC). Publicou diversas obras: “Elohê Israel (Os deuses de Israel) - filosofia esotérica na Bíblia” (Independente, 2001); “Projeto Aurora - retorno à linguagem da consciência” (FEEU, 2003); “Santo e Profano - estudo etimológico das línguas sagradas” (GEFO, 2006); “Deuses & Demônios - verdades inauditas e mentiras anunciadas sobre os anjos” (Independente, 2007); “Curso de Cabala - com noções de Hebraico & Aramaico [vol. I e II]” (Independente, 2007 e 2008); “Curso de Sânscrito - com noções de Filosofia Indiana [vol. I e II]” (Independente, 2008 e 2009); “A Alma da Palavra” (independente, 2011). Pesquisador aceito como paleolinguista de formação livre na pesquisa de decifração da escrita Glozélica (França), com trabalho científico reconhecido e publicado em Inglês no website do Museu de Glozel (http://www.museedeglozel.com/Trad2000.htm) desde 2006. Pesquisador aceito como paleolinguista de formação livre pelo arqueólogo bósnio-americano Semir Osmanagic na pesquisa de decifração da escrita Proto-Visoko (Bósnia), com trabalho de decifração preliminar apresentado em Sarajevo pelo egiptologista Muris Osmanagic (2010) e publicado no website Bosnian Pyramids, em Inglês e Bósnio: http://icbp.ba/2008/documents/papers/ICBP_Referat_Stekel.pdf.