quarta-feira, 10 de junho de 2020

Não Dualidade e Realidade

Por Paulo Stekel



Uma das melhores definições de não dualidade é a de que ela é a simultaneidade de consciência e experiência. Pensamento e consciência são da mesma natureza. O mesmo vale para uma emoção, que faz parte do pensamento e assim foi entendido pelo Buda. A teoria do neurocientista português António Damásio, que reconhece as emoções como pensamento e não algo separado, mesma vindo de um materialista, corrobora o Buda. Pensamentos, emoções e experiências são simultâneas com a consciência.

Não é que a Realidade (as "coisas", o universo, etc) não exista DE MODO ALGUM (niilismo). Nem que só exista na minha mente (solipsismo). Nem que exista do modo como a imaginamos (reificação e eternalismo). Ela existe apenas para nossa Mente Conceitualizadora do modo como foi designada, do modo como esta definiu suas características. Neste sentido, cada um criou a SUA realidade, que é o significado da frase "a mente criou isso".

O dozgchenpa radical Jackson Peterson diz que, na linguagem quântica, todos os fenômenos estão em "superposição", ou seja, não têm status real até serem designados conceitualmente.

Por isso, ele ainda diz que "vaziez dupla" (de si e dos fenômenos) significa que todas as identidades como sujeitos e todos os fenômenos como objetos, são apenas construções de pensamento imaginadas, não realidades objetivas.

A Realidade só é existente e perfeita na percepção de Rigpa (a gnose da mente não dual), onde as coisas são como são (Tathata, "talidade"), formações energéticas e movimentos da Consciência Primordial Perfeita.

Peterson ainda diz: "O que é realmente interessante é que, quando uma mente concorda plenamente com esse ensinamentos, todos os comportamentos e intenções hostis, agressivos e anti-sociais liberam-se após o surgimento. Isso não quer dizer que qualquer uma dessas ações seja menos perfeita do que se engajar em atividades mais 'virtuosas'."

Sim, pois a perfeição que todos buscamos já está acontecendo simultaneamente com cada segundo, cada momento. Entender isso nos libera de qualquer resistência, agarramento, apego, ansiedade, medo e até mesmo busca pela liberação. Então, surge a alegria natural e começa a irradiar o amor incondicional, sem motivo aparente.

Uma vez que se tenha chegado a esse ponto além do intelecto, nada mais é necessário.

Paulo Stekel (de minhas meditações não duais ou, não meditações, se preferirem)


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